Tapumes e escavadeiras na entrada do que restou do Bumba |
Na subida do morro, no que um dia foi a rua Georgete Borrete, ficava a casa de Cleusinéia Martins dos Anjos, 36, e de seu marido, José Roberto dos Anjos Valentim, 37, que moravam na comunidade há 16 anos. Ali eles criaram as duas filhas, Thais, 15, e Samara, 9.
Nascida em Itaboraí, Cleusinéia diz que a família tinha planos de sair dali. Para isso, já havia comprado dois terrenos em Maricá, mas queria permanecer no Bumba até a construção da nova casa. Foi então que veio a tragédia e acabou com os planos do casal.
Samara procura salvar pertences |
Samara procura salvar pertences |
Caminhando por uma parte do Morro do Bumba não foi diretamente afetada pelos deslizamentos, encontram-se, nas estradas, buracos enormes que, segundo os moradores, já estavam lá antes da tragédia. “Isso já é problema antigo. No começo, a prefeitura mandava uma equipe para tapar, mas não demorava muito e os buracos abriam de novo. No fim, os moradores já estavam cobrindo com terra e pedras para que os carros pudessem passar”, relata Roberto, confirmando que a abertura desses buracos poderia ser um prenúncio de que a terra do local já estava cedendo.
Atualmente, a família está morando em Itaboraí, município que fica a aproximadamente 18 quilômetros de Niterói, único local onde conseguiram uma casa pelos R$ 400 do aluguel social. Mas a mudança para outra casa, mais perto dos locais de trabalho e escola, está próxima. “Agora não vou mais ter que acordar às quatro e meia da manhã para poder chegar ao trabalho na hora”, comemora Cleusinéia, que trabalha como doméstica em uma casa no Fonseca, bairro próximo ao Bumba.
O aluguel da nova residência é mais caro: R$ 500. Roberto, que trabalha com poda de árvores e limpeza de terrenos, comenta que a família tem condições de complementar a ajuda que recebe do governo, o que não é o caso da maioria dos ex-moradores do Bumba.
Apesar de ter sido criado para ajudar os sobreviventes de tragédias a se mudarem para locais seguros, o aluguel social muitas vezes não dá para pagar uma casa, ainda mais com as despesas extras, como as contas de luz e água. Por isso, muita gente permanece nas áreas de risco. É o caso de Lucimar Costa de Andrade, de 43 anos, que, como muitos vizinhos, continua a morar no Bumba, mesmo depois que sua casa foi interditada pela Defesa Civil: “Eu consegui me cadastrar para receber o aluguel social, mas, como não achei nenhuma casa por esse preço, continuo aqui no morro”.
Galeria:
Dois meses depois do desabamento, o cenário no Morro do Bumba é de completa desolação. Ao final, a família de Cleusinéia se despede da casa em vias de demolição. No muro, um sinal de protesto.
0 comentários:
Postar um comentário