domingo, 15 de agosto de 2010

Na Várzea das Moças, vida nova com o peso das lembranças

Laís Carpenter

Conseguir um novo local para morar depois que se perde tudo parece que basta, como se todos os problemas se resolvessem de uma hora para outra. Mas não é bem assim. A mudança brusca da rotina, a perda repentina das referências habituais nas pequenas coisas do cotidiano, os danos psicológicos provocados pela lembrança da tragédia se refletem no olhar vago e na falta de ânimo de quem sobreviveu e ainda ganhou casa com móveis e eletrodomésticos básicos.

No colégio Guilherme Briggs, a homenagem aos alunos mortos

Samantha Chuva

O Colégio Estadual Guilherme Briggs, no bairro de Santa Rosa, em Niterói, foi um dos muitos que acolheram quem perdeu suas casas durante as chuvas de abril. Porém, mesmo depois que os desabrigados foram transferidos para os 3º e 4º Batalhões de Infantaria, não pôde voltar à rotina como antes: cinco alunos morreram na tragédia. Em homenagem a eles, a diretora, Alcinéia Sousa, reuniu os estudantes e juntos fizeram um minuto de silêncio e desenhos. “Nessa hora eu percebi que a vida é muito bonita e que não podemos perder tempo com coisas pequenas, com brigas tolas e egoísmo. Temos que olhar uns pelos outros. Viver intensamente e agradecer por esta oportunidade”, disse.

O colégio recebeu 42 famílias, aproximadamente 150 pessoas, entre as quais idosos, grávidas, crianças e os próprios alunos, além de ter servido também como pólo de arrecadação e distribuição de doações após a tempestade. “A primeira semana de chuvas foi a mais difícil”, recorda a diretora. “Eu estava ilhada em casa e me ligaram falando que a escola tinha que ser aberta para abrigar as pessoas.”