quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Os meios não justificam os fins: a (in)segurança diante dos privilégios

Tatiana de Carvalho

Existe no consciente brasileiro o mito de que o país não é violento. Essa mitologia de não-violência do Brasil parte de dois procedimentos principais (CHAUI, 2010, p. 125). Um deles é a exclusão. A afirmação de que o povo brasileiro não é violento cria a ideia de que a violência no país é praticada por quem não faz parte dele, mesmo que tenha nascido ou sido criado no mesmo. Através da exclusão há a separação de um “nós” de um “eles”. A forma como a mídia aborda confrontos entre traficantes é um exemplo dessa separação. O discurso jornalístico produz uma individualização pelo tráfico. A imprensa transmite a ideia de que o fim do comércio ilegal de drogas está associado à morte ou à prisão de um ou outro indivíduo. Essa produção legitima a violência pelo Estado e justifica a morte pela polícia.