sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Equilibrado entre caixotes, Waldir salvou o que pôde

Mariana Vita

Técnico em eletrônica no Tribunal de Justiça do Estado, Waldir Costa estava na casa de sua noiva em Icaraí quando a chuva começou. Até aí não parecia ser nada sério, mesmo assim ele achou mais seguro voltar para casa, um sobrado em cima do bar de seu pai, em São Gonçalo. Escolheu o momento em que a chuva diminuiu e um ônibus que o levasse por um caminho com menos alagamentos, já estava acostumado com as enchentes.

Quando chegou em casa, encontrou a calçada alagada, como de costume nos dias chuvosos em sua rua. Na manhã seguinte já não pôde ir ao trabalho: o bar estava com água até a altura dos joelhos. “Era impossível fazer qualquer coisa para tentar impedir que a água entrasse”. Na rua, árvores caíram e seus troncos eram levados pela corrente. O portão da casa dos vizinhos foi derrubado, alguns muros foram ao chão, inclusive o do condomínio onde morava sua irmã.

A luta contra as águas 

Waldir passou a manhã ajudando o pai a tentar salvar o que podia de mercadoria e equipamento. Com medo de levar choque, entrou no bar pisando em um caminho de caixas de cerveja, no estilo filme de aventura, até alcançar e desligar o disjuntor geral. Levantou botijões de gás, os freezers e levou o máximo de mercadoria que pôde para dentro de casa, no andar de cima.

Varou a noite acordado, esperando a tempestade passar. No dia seguinte foram necessárias cinco horas para limpar tudo e o comércio não abriu. Durante aquela semana, o bar funcionou com uma única porta aberta para evitar que entrasse muita lama. “Com o tempo, a lama que não foi sendo retirada secou e virou uma poeira insuportável”.

Seguir com fé

Ninguém sairia para beber depois de uma enchente daquelas. Os pais de Waldir sofreram prejuízo pelo tempo que o bar ficou fechado, pela falta de clientes, a perda de mercadorias e uma peça queimada de um freezer que não conseguiram erguer. Para cobrir os prejuízos, só resta seguir em frente, “sempre com fé em Deus”.

A irmã de Waldir, que se casou recentemente, teve que voltar a morar com os pais porque seu apartamento era no térreo em um dos condomínios mais afetados. Perdeu roupas, alimentos e o fogão, o que pôde salvar foi com ajuda dos vizinhos. “Ela vai ter que se mudar de novo agora”.

Waldir diz ter planos para reformar o bar para evitar novas enchentes. Acredita que, se elevar o piso em meio metro, conseguirá barrar inundações futuras. “Estamos nos programando para fazer a reforma até o próximo verão”, disse ele, que não quer passar de novo por essa experiência de bancar o Indiana Jones.

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