quinta-feira, 16 de junho de 2011

Em Ititioca, persistem os vestígios da destruição

Por Gustavo Lethier e Paula Pontes

Ititioca: as marcas da destruição um ano depois da tragédia
Um ano depois das chuvas que arrasaram várias comunidades de Niterói, as marcas da destruição ainda estão pelo caminho. Em Ititioca, vizinha ao Morro do Céu, alguns serviços, como a coleta de lixo e o programa Médico de Família já funcionam normalmente. Entretanto, são visíveis os sinais da catástrofe, como móveis inutilizados pela enxurrada, à espera de remoção. E alguns problemas se agravaram, como o abastecimento de água que corre ao lado do esgoto a céu aberto, e que afeta o próprio centro clínico, obra da prefeitura de Niterói.

Presidente da associação de moradores do local na época, dona Ciara lembra muito bem do dia da tragédia. Chovia muito, as luzes de sua casa piscavam. Tocou o telefone: era sua irmã, com medo que sua casa desabasse. Dona Ciara saiu correndo para ajudar. Na volta, foi abordada por uma mulher com três filhas, cuja casa acabara de cair. Não pensou duas vezes: pegou a chave da secretaria da creche do bairro e levou a família para lá. Cada vez mais desabrigados iam chegando – não só dali, mas também dos morros do Céu e do Bumba, onde a destruição foi maior. No fim da noite já eram cerca de 50 famílias.

Dona Ciara contou os momentos que passou na escola com os desabrigados e as dificuldades que enfrentaram e ainda enfrentam aqueles que perderam suas casas e até mesmo parentes e amigos. Disse que a Defesa Civil só veio a Ititioca depois que ela e outros moradores foram à prefeitura implorar, após aproximadamente 20 dias. Os desabrigados receberam um laudo e a interdição das moradias, mas nada foi feito. Nem a derrubada ou um tipo de auxílio para a construção de novas casas. É como se todos estivessem parados no tempo. Nada mudou.

Dona Ciara, presidente da associação de moradores de Ititioca
Mãe de dois filhos e atual presidente interina da associação de moradores, Dona Ciara, 61 anos, tem poucos recursos mas se sente obrigada a ajudar os mais necessitados. “O que precisa dentro da comunidade é um serviço social. Eu luto hoje com dificuldades, mas aprendi a ajudar as pessoas por causa do serviço social em que fui criada”. Por “serviço social”, entende a solidariedade que se desenvolve entre os vizinhos, especialmente nos momentos difíceis como este.

Assista ao depoimento de Dona Ciara ao Depois da Chuva:


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