sexta-feira, 25 de junho de 2010

Chuva 2.0

Por Matheus Zanon
Redes Sociais do Orkut
Era 05 de abril de 2010. Segunda-feira. A chuva começou a cair por volta das 20h. Mais forte que o normal e com cara de que não ia parar tão cedo, a cidade do Rio de Janeiro começou a sentir o impacto das águas. Não demorou muito e as ruas estavam alagadas, o trânsito congestionado e as primeiras vítimas começaram a surgir: desabrigados, feridos e mortos.

As fortes chuvas aumentaram o tráfego, mas não o de carros. O congestionamento dominou as redes sociais, que serviram como fonte de informação aos cidadãos.

Rede social com a maior participação de brasileiros, cerca de 20 milhões segundo os últimos levantamentos, o Orkut foi alvo de diversas manifestações. Foram recados, fotos dos usuários retratando os estragos, álbuns personalizados com imagens satirizando as enchentes e comunidades.

Em dois dias já eram mais de cem comunidades falando sobre as tragédias. A maior delas, “06/04/201 Rio, Eu Sobrevivi”, tem atualmente 40.878 membros. O humor parecia ser a única saída para aguentar o caos causado pelas chuvas. O que mais se via na rede eram “São Gonçalo Water Planet”, “Niterói Water Planet” e por aí vai. As comunidades que utilizavam o maior parque aquático do Estado para fazer graça com as ruas alagadas somam 22.

E que tal dormir na Cidade Maravilhosa e acordar em uma cidade praticamente submersa? Se esse foi seu caso a melhor comunidade para você é a “Dormi no Rio, Acordei em Veneza”, com 5.192 membros. Associar a imagem do Cristo Redentor caindo, utilizada no filme “2012” foi outra estratégia usada pelos criadores de comunidade. Com um risco vermelho no 2012, bastava trocar pelo 2010 e a chacota estava pronta.

Mas não só de piadas viveu a rede. Comunidades de ajuda aos desabrigados, indicando locais para doações e manifestando luto pelos mortos também movimentaram o Orkut. A maior delas “Enchente RJ Luto” recebe mensagens de solidariedade de moradores de outros estados. Uma corrente de recados repassados de amigo para amigo também pedia ajuda para os desabrigados.

No Facebook somente uma comunidade foi encontrada, mas devido ao baixo número de usuários na mesma e à baixa incidência de outras páginas, foi desconsiderada para a matéria.

Informação em 140 caracteres

Apresentador do Jornal Nacional comenta em seu Twitter
No serviço de microblogs Twitter, as hashtags (marcadores usados para categorizar as postagens, precedido pelo símbolo #, como ex: #chuvarj) sobre o desastre no estado dominaram a rede social e viraram Trending Topics (assuntos mais comentados) no Brasil. A Folha Online, no dia 06 de abril, apurou que dos dez temas indicados nos TTBr, ao menos seis eram relativos à tragédia das chuvas no estado. Entre as hashtags mais freqüentes estavam a #chuvanorio e #caosnorio. Devido à troca diária da relação dos TT, os mesmos não puderam ser recuperados para a reportagem. 

A piada também foi freqüente no microblog. A graça ficou por conta da Fundação Cacique Cobra Coral devido a um suposto contrato com o governo do Rio de Janeiro para previsões metereológicas. 

A ferramenta também foi escolhida por celebridades para manifestar apoio às vítimas e comentar os estragos. No twitter do apresentador do Jornal Nacional, Willian Bonner (@realwbonner), o jornalista aconselhava que as pessoas não saíssem de casa. Políticos, como o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e a secretária municipal de Educação, Claudia Costin, usaram o microblog para alertar sobre os perigos da chuva.
Usuários da rede social também postaram fotos das consequências em seus bairros (postadas sobre a hashtag #chuvarj). Através do twitter, as pessoas também puderam colaborar para a construção do mapa participativo proposto pelo O Globo.

O Tweet Volume, serviço que analisa a quantidade de palavras mencionadas no Twitter, registrou, na época, quase um milhão de comentários com os termos “chuva”, “rio” e “rio de janeiro”

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