Montanha de lixo, Morro do Céu (Foto: Carolina Custódio) |
De acordo com Luciano, há cerca de quatro anos os moradores organizaram um comitê para discutir com a prefeitura de Niterói a questão do tratamento do lixo na região. No período das chuvas, em abril, os moradores disseram ter se assustado com estrondos e deslizamentos de terra no lixão. No entanto, a Companhia de Limpeza de Niterói (Clin) alegou que não se tratava de explosões ocasionadas por gases tóxicos, como no Bumba, mas apenas uma erosão de material superficial.
Veja o vídeo da entrevista com Luciano: parte 1.
Quanto vale?
Apesar da interdição da unidade de depósito de lixo, e de visitas de autoridades civis e do Ministério Público, o impasse permanece. Os moradores garantem que o Ministério Público e a Defesa Civil teriam interditado aproximadamente 200 casas, tendo em vista a iminência de futuros deslizamentos e a intenção de construir um aterro sanitário no lugar. Porém, nem 20% das propriedades teriam sido indenizadas até o momento. Luciano afirma que a proposta do governo não corresponde ao valor real das casas e, além disso, seria exigida uma burocracia que os moradores não conseguem cumprir.
“Vocês sabem da burocracia e dos valores altíssimos para tirar uma escritura. Você tem que ter um engenheiro, advogado, arquiteto. E para eles fazerem a indenização aqui, eles estão querendo o RGI. Eu desempregado, com dois filhos. Como é que eu vou hoje custear um advogado, um engenheiro, certidão de ônus reais, certidão de não sei o quê, certidão de não sei que lá, para conseguir tirar um RGI para uma casa que vai virar lixo, que vai virar um aterro sanitário”, argumentou o morador, que lembra que a maioria das propriedades foi adquirida por contrato de compra e venda há mais de cinco décadas.
Embora o próprio governador Sérgio Cabral, em entrevista, tenha considerado a situação do Morro do Céu calamitosa, centenas de pessoas têm sido obrigadas a permanecer no local por falta de recursos, como é o caso de Vera Lúcia dos Santos, residente ali há mais de 30 anos.
Veja o vídeo da entrevista com Luciano: parte 2.
Vera Lúcia, moradora do Morro do Céu há 32 anos, teve sua casa interditada (Foto: Carolina Custódio) |
"Há muito tempo a gente não sente um cheiro de um alimento bem feitinho, de uma comida. A gente limpa a casa e não sente um cheirinho de casa limpa. Vivemos uma vida impedidas de fazer muita coisa. Como no meu aniversário. Fizeram um churrasco para mim e eu tampei tudo e levei para a casa da minha irmã. Não havia condições, ou você comia com mosca ou não comia”, relatou Vera Lúcia.
Veja o vídeo da entrevista com Vera Lúcia
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1 comentários:
Cabral está tomando as medidas cabíveis. Não é fácil deslocar tantas pessoas de um lugar assim. Não é só Cabral que vai resolver isso. O Prefeito da cidade também tem sua parte no trabalho.
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