Tatiana
de Carvalho
Existe
no consciente brasileiro o mito de que o país não é violento. Essa
mitologia de não-violência do Brasil parte de dois procedimentos
principais (CHAUI, 2010, p. 125). Um deles é a exclusão. A
afirmação de que o povo brasileiro não é violento cria a ideia de
que a violência no país é praticada por quem não faz parte dele,
mesmo que tenha nascido ou sido criado no mesmo. Através da exclusão
há a separação de um “nós” de um “eles”. A forma como a
mídia aborda confrontos entre traficantes é um exemplo dessa
separação. O discurso jornalístico produz uma individualização
pelo tráfico. A imprensa transmite a ideia de que o fim do comércio
ilegal de drogas está associado à morte ou à prisão de um ou
outro indivíduo. Essa produção legitima a violência pelo Estado e
justifica a morte pela polícia.